O prefeito de Araraquara, Dr. Lapena, suspendeu os decretos controversos sobre a merenda escolar e o transporte dos alunos, após pressão intensa das redes sociais e da oposição na Câmara Municipal.
O recuo ocorreu diante da iminente apresentação de Projetos de Decretos Legislativos por vereadores da oposição e críticas acirradas sobre as medidas.
Embora Lapena tente minimizar o impacto do recuo afirmando que não retirou serviços essenciais, a desconfiança e o desgaste político em sua gestão aumentam.
Uma nova audiência pública está marcada para debater a situação, e a oposição promete manter a pressão sobre o Executivo.
O prefeito de Araraquara, Dr. Lapena, não resistiu à pressão avassaladora vinda das redes sociais e das críticas afiadas da oposição na Câmara Municipal. Na noite desta sexta-feira (31), ele anunciou, a suspensão dos polêmicos decretos que haviam sido assinados na semana anterior, que tratavam da regulamentação da merenda escolar e do transporte dos alunos da rede municipal. A decisão foi divulgada nas redes sociais, claramente como uma tentativa de conter o desgaste político que já ameaçava transbordar.
A narrativa oficial da Prefeitura tenta pintar o recuo como resultado de uma suposta “reunião produtiva” com membros da Educação e vereadores da base aliada. Mas a realidade é que o governo Lapena estava acuado. Horas antes do anúncio, pelo menos oito vereadores da oposição já tinham protocolado dois Projetos de Decretos Legislativos (PDLs) para derrubar as medidas do prefeito. A pressão vinha de todos os lados: redes sociais fervendo com críticas e vereadores oposicionistas preparados para intensificar ainda mais o cerco contra o Executivo.
Na última sessão da Câmara, realizada na terça-feira, a oposição não economizou nas críticas. O tom foi de indignação com o que chamaram de “ataque à educação” e “desrespeito aos direitos dos alunos”. O recado estava dado: se o prefeito não recuasse, o desgaste político seria ainda maior. O cenário já estava montado para um embate acalorado, e Lapena claramente percebeu que a derrota era iminente.
A vereadora Filipa Brunelli (PT), uma das vozes mais contundentes contra os decretos, comemorou o recuo logo após a meia-noite deste sábado (01). “Após protocolarmos os PDLs na Câmara para suspender os decretos do prefeito, o que obrigaria os vereadores da base do governo a se posicionarem diante dessa imoralidade, o prefeito Lapena recua e suspende os decretos contra a educação!”, declarou, sem esconder o tom de vitória.
Em uma tentativa de minimizar o impacto do recuo, o prefeito divulgou uma nota em que alega que seu governo “nunca retirou a merenda dos estudantes nem o transporte escolar”. Segundo Lapena, o objetivo dos decretos era apenas “adequar o município à legislação vigente, sem causar prejuízo a nenhum grupo”. O discurso, no entanto, não convenceu muitos, já que as medidas haviam gerado revolta imediata tanto entre os pais quanto entre os educadores.
Lapena ainda tentou mostrar que mantém o controle da situação ao afirmar que “serão realizados estudos técnicos para encontrar a melhor solução para a aplicação das regras vigentes, de forma justa e transparente”. A fala soa como um aceno tímido para manter as aparências, mas o estrago já estava feito.
Mesmo com o recuo do prefeito, a oposição promete continuar vigilante. Uma audiência pública está marcada para o próximo dia 5 de fevereiro, às 18h30, na Câmara Municipal, para debater os decretos e a conduta do governo Lapena. Os vereadores da oposição já deixaram claro que não pretendem baixar a guarda, e novas ações estão sendo articuladas para manter a pressão sobre o Executivo.
Lapena, que tentou vender a ideia de que sua gestão é comprometida com o “diálogo e a participação da sociedade”, agora terá que lidar com a desconfiança crescente e o desgaste político causado por suas próprias decisões. O episódio deixa claro que, em Araraquara, a população e a oposição estão de olho e não hesitarão em cobrar, seja nas redes, seja no plenário.
